sábado, 21 de agosto de 2010

Benzedeiras - Medicina popular


Bem, antes de escrever o post, vou fazer um breve relato de como veio a decisão de fazê-lo. Em um dia de manhã, normal como os outros cordei com a palavra rezadeiras na cabeça. Parei, e fiquei pensando, não me recordei de nenhum sonho. Isso aconteceu na quarta-feira, dia 18. A verdade é que a maioria dos artigos que posto aqui seguem uma ordem parecida, vem a mente, e posto. Mas também decido compartilhar o que leio em livros por exemplo. Mas vamos ao artigo.

Imagino que talvez não se lembre, mas é bem possível que sua mãe já a (o) levou em uma benzedeira quando você era pequena (o). As mães sempre o fazem, ou por que você não comia, não brincava com os (as) coleguinhas, enfim. O que poderia ser interpretado como mau olhado, ou quebranto.O fato é que essa sabedoria antiga esteve sempre presente em nossas vidas. E em algumas regiões do Brasil por exemplo, as mães não levam seus filhos ao médico antes de passar na benzedeira, devido a confiança que elas despertam na população. Isso se chama medicina popular, assunto antes nem debatido pelos médicos, e que hoje despertam interesse acadêmicos em pesquisas e estudos. Pois elas curam males do corpo e do espírito. E como sabemos, muitas das doenças físicas, são de origem emocional.

Vou contar mais uma história. Em minha família também temos benzedeiras, a minha avó materna por exemplo. A princípio ela só benzia crianças, pois ela contava que pela inocência dos pequenos, ela não ficava tão "carregada" de energias. E só depois de um tempo, ela passou a benzer adultos também. E a minha outra avó materna (mãe da minha madastra), também era benzedeira. De adultos e crianças. E mais outras duas tias avós. Todas as que conheço, são católicas, mas já que estamos falando de benzimentos, gostaria de citar que na religião de umbanda também temos esse procedimento de cura, com a diferença da benzedura ser feita pelo espírito que está no corpo da matéria. Mas ainda assim é um benzimento.

A maioria dessas mulheres não iniciam a prática por que decidem, e sim pelo chamado divino ou até mesmo de uma extrema necessidade. Que segunda elas, não vem "a toa". O conhecimento é passado de geração em geração, mas além disso há também o dom natural. Segundo o dicionário, a palavra benzer vem de fazer a cruz. E é com esse símbolo que a maioria delas senão todas, iniciam a reza.

É comum que as ervas sejam usadas para tal procedimento, no entanto, já vi rosários, e também os chamados "cordão de São Francisco". Usados com o intuito de desatar os obstáculos que o consulente pode estar enfrentando.

Dentre as ervas podemos citar a arruda, o alecrim, o elevante, o guiné. Pelas propriedades de cada uma delas, de limpar a energia negativa. Ou ainda alguma erva que a benzedeira use somente para esse fim. A minha avó por exemplo, usava a folha da mamona. Das que vi, sempre três folhas. Em representação da trindade santa. O pai, o filho e o espírito santo. E quando o consulente está "carregado", as olhas murcham. E para o próximo benzimento, serão usadas novas folhas. As benzedeiras em geral, não fazem distinção entre idade, raça, sexo ou posição social. Apenas dizem que são instrumentos da força maior e que se a pessoa for benzida e não acreditar, nada poderá ser feito. Mas o acreditar, dizem elas é na "força maió que é Deus nosso pai". 

Te curo de carne quebrada, torna te a soldar.
Nervo torto torna a seu lugar.
Nervo que retorceste, Deus que te põe onde nasceste.
Eu que te benzo. Deus que te sare.
Onde eu ponho as minhas mãos, Nossa Senhora dá santidade.
Deus queira curar esta quebradura,
esta rendidura que esse pobre enfermo tem
Seja pelo amor de Deus, seja tudo. Amém.

Dentre os costumes seguidos por essas sábias avós, estão também o fato de enrrolarem em panos brancos, os pedidos dos consulentes. Ou em cordões, que ficam em um lugar específico no altar. É comum também que prescrevam banhos e defumações para serem feitas, ou ainda a prática de acender a vela para o anjo da guarda. Ou santo da crença do consulente. A reza é feita de coração, e não se cobra nada, pois segundo elas o dom foi dado de bom grado pelo criador, portanto elas não se vem no direito de cobrar.

Benzedeiras guardiãs - Martinho da Vila

As rezadeiras usam
Águas da chuva e do rio
Curam as dores do corpo
Cisco no olho, espinhela caída

As benzedeiras vão
Com fé na oração
Curando nossas feridas
Como obaluaê

As rezadeiras quebram
Quebranto, mal olhado
Males que vem dos ares
Nervos torcidos, ventres virados

As benzedeiras são
As estrelas das manhãs
As nossas anciãs
Nanãs buruguêis

Afastam a inveja
E o mal olhado
Com suas forças
Com suas crenças
Com suas mentes sãs

As rezadeiras são
As nossas guardiãs
Por dias, noites, manhãs
Nanãs

Estaca canção é uma oração
Para as benzedeiras
Do coração mando este som
Para as rezadeiras

As rezadeiras são
As nossas guardiãs
Por dias, noites, manhãs
Nanãs

A sabedoria por elas adquiridas não está em livros, está na simplicidade de querer ajudar aos outros sem ter muito, apenas o amor e a caridade são suficientes. Creio que na realidade atual falta isso, a simplicidade de querer ajudar, sem se mostrar para os outros. Somente pelo fato de seguir o mandamento. Amai aos outros como a si mesmo. Já conta.

Pense a respeito.

Um comentário :

  1. Amei. passei por aqui,procurando algo sobre a mãe natureza,que tanto Amo.só o Fato de as Benzedeiras quererem curar,pelo simples fato de amar ao próximo, sem outras intenções,já é o inicio da cura.

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