sexta-feira, 27 de maio de 2011

Patuás

Já ouviu aquele ditado: "Quem não pode com a mandinga, não carrega o patuá". Eu já. E várias vezes...Vamos saber um pouco mais sobre esses artefatos cada vez mais em uso nos dias de hoje. Os patuás.


Um pouco de história...


Os Mandingas são grupos de africanos do norte que, pela proximidade com os árabes acabaram se tornando muçulmanos, religiosos que tem muitas restrições aos que não aceitam Alá como Deus ou Maomé como o seu profeta.

Com o crescimento do tráfico de escravos, vários negros mandingas vieram parar no continente americano, vítimas da ambição dos brancos. Muitos desses escravos sabiam ler e escrever em árabe. Esse estado superior de cultura desse grupo de negros fez com que fossem rotulados de feiticeiros, passando a expressão mandinga a designar feitiço.


Por outro lado, os negros que praticavam o culto aos Orixás eram vistos como infiéis pelos negros muçulmanos. Os senhores brancos, aproveitando-se dessa rivalidade e confiando aos mandingas funções superiores que aos demais, fazia a animosidade entre eles crescer. Os mandingas não eram obrigados pelos senhores brancos a comer restos de carne de porco e até mesmo permitiam que eles usassem trechos do Alcorão guardados em pequenos invólucros de pele de animais pendurados ao pescoço. Constantemente eram os negros mandingas que acabavam ocupando o lugar de caçadores de escravos fugitivos, recebendo a denominação de “capitães-do-mato”.



Quando um escravo pretendia fugir da senzala, além de se preparar para lutar sem armas através da capoeira e do maculelê, ele passava a usar o cabelo encarapinhado e pendurava ao pescoço um patuá, de modo que pensassem tratar-se de um negro mandinga, para não ser perseguido. Entretanto, se um verdadeiro mandinga o abordasse e ele não soubesse responder em Árabe, o verdadeiro mandinga descarregaria toda a sua violência nesse infeliz negro fugitivo. Assim nasceu a expressão “quem não pode com mandinga não carrega patuá”.

A vingança a quem se atrevesse a portar um falso objeto sagrado pelo muçulmano era algo muito terrível. Com o passar do tempo o hábito de utilizar patuás entre os negros foi se generalizando, pois eles acreditavam que o poder dos mandingas era devido, em grande parte, aos poderes do patuá. Por outro lado, os padres também utilizavam, e ainda utilizam, crucifixos e medalhas, agnus dei, etc., que depois de benzidos, a maioria das pessoas acredita possam trazer proteção aos devotos nelas representados. Na verdade, o uso do talismã perde-se na longa noite do tempo e confunde-se com a própria história do gênero humano.


O patuá é um amuleto de fé. Dessa forma, enquanto a pessoa o prepara e confecciona. Ela vai transmitindo pensamentos relacionados a realização do desejo. Esse amuleto é feito com um pequeno pedaço de tecido, em geral com a cor relacionada ao desejo. E dentro dele colocam-se elementos que tragam a realização do mesmo. Por exemplo: Em patuás para a prosperidade, você pode encontrar moedas em seu interior, assim como canela em pau. E o tecido será certamente nas cores laranja, dourado e amarelo. Portanto, um patuá é um amuleto em saquinho. Sempre.

É comum o pensamento que esse tipo de artefato somente é usado por praticantes das religiões afro. Como por exemplo, a umbanda e o candomblé. Estão enganados. Pois qualquer um cuja fé e espiritualidade não seja delimitada pode confeccionar seu patuá. Logicamente que na umbanda ou camdomblé, além dos objetivos comum a todos. Também se leva em consideração o orixá de cabeça, o orixá protetor, e ainda as questões envolvidas no dia-dia do centro. Questões essas que podem influenciar na confecção de um patuá. Resumindo rapidamente sobre as cores seriam essas:

Yemanjá: Azul e branco
Ogum: Vermelho
Oxossi: Verde e branco
Oxum: Dourado e amarelo
Nanâ: Lilás
Oxalá: Branco
Xangô: Marrom
Ciganos: Vermelho e azul
Preto velho: Branco
Ibejis: Podem ser todas menos o preto. E cores suaves

Dependendo também do centro.

Em relação aos outros patuás. Temos uma infinidade de materiais. Eu por exemplo, carrego em minha bolsa um pequeno patuá de cristais. Escolhi algumas pedras (pequeninas) e montei meu patuá. Sendo que cada uma dessas pedras tem sua finalidade. Você também pode ter um patuá de ervas. Com diversas e infinitas finalidades. 


Mas vamos lembrar que antes de começar a usá-lo, você precisa consagrar ou encantar esse patuá. Me lembro que já falamos sobre isso aqui no Blog. No artigo de nome "consagração e encantamento". Que explica direitinho a diferença entre consagrar e encantar. Vale lembrar pois sem esses procedimentos seu amuleto não terá eficiência. 


Cores:
Quanto as cores dos tecidos, não tem muito segredo não. Ela se relaciona diretamente com a intenção depositada no patuá. Agora em relação ao material, procure tecidos nem muito grosso nem muito fino. Mesmo esse patuá não tendo contato direto com você sempre. É que não queremos correr o risco dele se rasgar não é mesmo? Mas em geral é o basicão que a gente tem conhecimento.


Vermelho: Proteção
Azul: Serenidade
Amarelo e laranja: Prosperidade financeira
Verde: Saúde
Rosa: Amor


O material:
Basicamente vai depender da sua necessidade. Como dito antes, podem ser ervas, folhas, cristais, amuletos, etc. Somente tenha o cuidado de escolher o ideal relacionado com o que precisa. Exemplo: Escolha o cristal de acordo com sua propriedade e no que ele pode te ajudar. A erva, a finalidade que ela representa e sua propriedade também.


Influência lunar e planetária
Você como bom praticante de magia, sabe que isso influencia bastante. Então, ao encantar um amuleto, preferencialmente preste atenção na fase lunar do dia. Vai ai um retrospecto:


Lua Cheia: Para amor, saúde e prosperidade
Lua Nova: Para renovação e abertura de novos caminhos e horizontes
Lua Minguante: Para coisas que deseja banir e extinguir
Lua Crescente: Para as coisas que deseja que cresçam com força. 


Quantos aos dias da semana...


Segunda-feira: Lua
Terça-feira:  Marte
Quarta-feira: Mercúrio
Quinta-feira: Júpiter
Sexta-feira: Vênus
Sábado: Saturno
Domingo: Sol


Com base nisso, só cruzar as informações e por a mão na massa.


Alguns patuás prá começar:


Patuá de proteção:
Punhado (pequeno) de arruda masserada
Alecrim da mesma forma
Uma pedrinha de cânfora
Algumas pedrinhas de sal grosso
Vela branca
Incenso de 07 ervas
Saquinho vermelho costurado por você com linha preta.
Fitilho vermelho


Coloque os punhadinhos das ervas em locais separados, e enquanto estiver organizando esses no saquinho mentalize o por que deseja de proteção. Ou de quem. Assim que terminar de colocar as ervas dentro do saquinho, amarre (dê tres nós). Acenda a vela e na chama desta o incenso. Profira o encantamento ou consagração, e passe o patuá na chama do incenso. Deixe perto da vela até essa terminar de queimar. Se sobrar algo da vela, enrrole em papel e enterre. Leve o patuá sempre com você.


Patuá para amor:
Pétalas de rosa vermelha
Pedaçinhos de canela em pau
Jasmin
1 Quartzo rosa de tamanho pequeno
Cravos
Essência de mel
Saquinho de pano na cor branca
Fitilho de cetim na cor rosa


* As ervas e as pétalas devem ser secas


Acenda a vela e na chama dessa o incenso. Em um recipiente de vidro, coloque as ervas, as pétalas e os cravos. Borrife um pouco da essência. Coloque tudo dentro do saquinho, e profira seus encantamentos e consagração. Amarre e passe o patuá na fumaça do incenso. Assim que a vela terminar de queimar, guarde o patuá com você. Leve-o sempre em sua bolsa, e não deixe que o toquem.


Patuá de Saúde:
A base de um patuá para saúde pode ser de duas ervas:
Hortelã e manjericão.


A cor do saquinho pode ser verde ou branca. E a cor do fitilho também. Vale alternar para que os dois não sejam da mesma cor. A terceira erva seria a erva diretamente relacionada a cura. E nesse caso, vale uma pesquisa mais detalhada a respeito. Abaixo coloco alguns exemplos:


Diabetes: Salsa
Estômago: Boldo
Rins: Artemísia
Reumatismo: Alfazema


Só mais uma coisinha antes de terminar esse artigo. Para os patuás que tem um cristal como um dos ativadores. Se faz importante lembrar de uma programação antes de colocá-lo no patuá. 


Beijos e beijos.

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