sábado, 23 de outubro de 2010

A poesia de Cecilia Meirelles e os arcanos do tarô

Uma breve história sobre Cecília...

Cecília Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901, no Rio de Janeiro. Respondia pontualmente todas as cartas que recebia, mas atrasava-se, às vezes, em agradecer livros, porque só agradecia depois de lê-los. Adorava música, especialmente canções medievais, espanholas e orientais.

Admirava todos os bons poetas e preferia os pintores flamengos. Dormia e acordava cedo. Leu E ça de Queirós antes dos 13 anos. Escreveu o seu primeiro verso aos 9 anos. Estudou canto, violão, violino e às vezes desenha. Seu primeiro livro publicado foi Espectros, tinha 16 anos.

Seu principal defeito, segundo ela própria, era uma certa ausência do mundo e seu tormento era desejar fazer o bem a pessoas que precisavam de auxílio e não o aceitavam. Nunca viu assombração, mas gostaria de ter visto.

Não tinha medo de viajar de avião em viagens longas. Gostaria de viajar mais vezes ao Oriente e ter chegado até a China. Pensava que poderia, pelo menos, ficar muito tempo no Mediterrâneo.

Colecionava objetos de arte popular.

Já colecionou xícaras de café, mas acabou achando o café tão ruim que não valeu mais a pena colecionar os acessórios.

Teve grande emoção quando chegou aos Açores, terra de seus antepassados. Outra emoção grande foi quando viu a sua "Elegia a Gandhi" traduzida em idiomas da Índia. Foi a poeta brasileira mais conhecida em Portugal. Admirava profundamente São Francisco de Assis, Gandhi e Vinoba Bhave. O que a horrorizava era tocar em papel carbono, ver comer ostras e aspirar fumaça de ônibus. Amava crianças, objetos antigos, flores, música de cravo, praia deserta, livros, livros, livros, noite com estrelas e nuvens ao mesmo tempo. Faleceu em 9 de novembro de 1964, deixando grande obra inédita.

Arcano XVII - A estrela
A SEREIA

LINDA é a mulher e o seu canto,
ambos guardados no luar.
Seus olhos doces de pranto
-- quem os pode enxugar
devagarzinho com a boca,
ai!
com a boca, devagarzinho...

Na sua voz transparente
giram sonhos de cristal.
Nem ar nem onda corrente
possuem suspiro igual,
nem os búzios nem as violas,
ai!
nem as violas nem os búzios...

Tudo pudesse a beleza,
e, de encoberto país,
viria alguém, com certeza,
para fazê-la feliz,
contemplando-lhe alma e corpo,
ai!
alma e corpo contemplando-lhe...

Mas o mundo está dormindo
em travesseiros de luar.
A mulher do canto lindo
ajuda o mundo a sonhar,
com o canto que a vai matando,
ai!
E morrerá de cantar


Beijos encantados e muita luz!!!

Ametista

Texto extraído do site:

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