1. Tenho de ser mãe?
Você não “tem de” fazer nada. É uma escolha e, como tal, precisa de um ingrediente mágico para funcionar: assumir a responsabilidade pela decisão. O tempo em que as mulheres só se consi deravam plenamente realizadas quando tinham filhos já passou, e não existe mais aquela pressão social aterradora do passado. Mesmo quem decide adiar a maternidade tem alternativas proporcionadas pela medicina. “Procure se perguntar quais são suas prioridades atuais e tenha coragem para vislumbrar o futuro”, sugere o psiquiatra e psicoterapeuta Luiz Cuschnir, coordenador do Centro de Estudos da Identidade do Homem e da Mulher (Iden), em São Paulo. “Se quer focar a carreira, considere as conse quências que essa decisão trará daqui a alguns anos.” Para a psicóloga Roseana Ribeiro, do Rio de Janeiro, especialista em motivação e mudança de comportamento, a resposta para essa pergunta está relacionada aos valores individuais. “A questão central é: está disposta a desacelerar o trabalho para ter filhos? Em alguns casos, é preciso até abrir mão, mesmo que temporariamente, da carreira.”
2. Preciso mesmo de um homem para chamar de meu?
Para a maioria de nós, a vida fica, sim, mais luminosa com um companheiro para amar, dividir, dar risada, pedir colo. A questão é: como identificar essa pessoa na multidão sem bater tantas vezes a cabeça? “Ao se interessar por alguém, você deveria investigar se ele trata bem a mãe, se gosta do emprego e se desperta seu interesse sexual”, aconselha a monja americana Diane Musho Hamilton Sensei, que esteve em abril no Brasil e conversou com CLAUDIA. A relação com as mulheres da família indica como se comportará com a própria esposa, porque é um modelo que será repetido.” A satisfação com o trabalho mostra se ele se sente bem consigo mesmo. Caso não goste do que faz, tenderá a puxá-la para baixo também. E a química física é aviso de intimidade total.
3. Onde está a felicidade?
“Tem gente que está sempre correndo e não vê os instantes de plenitude da vida”, diz a monja Coen, fundadora da comunidade zen-budista em São Paulo. “Estar viva, sentir o cheiro da terra depois da chuva, ver o pôr do sol, ouvir o som dos pássaros – tudo isso traz um enorme contentamento. Quando estamos despertas, vivemos mais intensamente e percebemos beleza até mesmo na tristeza, pois sabemos que logo ela vai passar.” Lembre-se, por exemplo, de quando você era criança. Sorria com mais facilidade, certo? Talvez porque notasse a alegria nas coisas mais simples ou por não projetar sua satisfação em algo ou alguém...
4. O que escondo dos outros?
É natural escolher o que vai ou não mostrar ao mundo. A questão é: quando você está cara a cara consigo mesma, tem coragem de mexer naquele bauzinho trancado no fundo da sua alma? Pois o que se esconde ali é um tesouro ao contrário: são suas dificuldades, seus medos, seus traumas. E, apesar de não ser nada fácil trazê-los à tona, é infinitamente recompensador vencê-los.
5. Por que me sinto tão ansiosa?
A ansiedade, na visão da monja Coen, expõe dificuldade para lidar com nossos conflitos. “É muito importante perceber nossos limites, o que não significa nos limitar a eles, mas respeitar o próprio ritmo.” A expectativa de que algo bom aconteça é gostosa, mas viver em função do que está por vir pode ser devastador. Corre-se o risco de sofrer por antecipação com algo que, muitas vezes, nem vai acontecer. Não dá para controlar todos os resultados. Para Roseana, a ansiedade é necessária para nos tirar da inércia. Mas, em excesso, transforma-se em alerta para a insegurança em relação ao futuro, o medo de errar – talvez seu nível de perfeccionismo esteja elevado – ou aquela vontade de abraçar o mundo.
6. O que me faz sonhar?
Será mesmo que seu mundo perfeito seria ocupar a cadeira da presidência da empresa? Viver em uma ilha com o marido, dois filhos e um labrador bastaria? Um exercício bacana para investigar essa questão é pensar no gênio da lâmpada e então mentalizar três grandes desejos, quaisquer que sejam. É possível que descubra já estar vivendo seu sonho. Ou pode perceber que se distanciou muito e, portanto, é hora de sair em busca dele!
7. Trato meus pais como eles merecem?
A pergunta que precisa ser feita para chegar a uma resposta plausível é: você consegue ver seus pais como seres humanos? “Quando percebemos que eles são falíveis e fizeram por nós o melhor que podiam, deixamos de alimentar sentimentos de raiva e ressentimento. Considere as dores e dificuldades pelas quais eles passaram. Muitas vezes, exigimos atitudes santas que nós mesmas não temos”, observa a monja Coen. Outro ponto importante é perceber que existe um pedaço deles em você e que compreendê-los equivale a entender melhor a si mesma. “Procure não deixar para se arrepender depois que eles partirem. Encontre tempo para visitálos ou para dar um telefonema – e nunca os trate mal. É preciso ter com os mais velhos a mesma paciência que uma criança exige. A intimidade às vezes nos leva a ser grosseiras. Portanto, o afeto é o caminho.”
8. Quando me olho no espelho, o que vejo?
Sua imagem é algo subjetivo, e não real, afirma Dulce Critelli, professora de filosofia da PUC-SP e coordenadora do Existentia, Centro de Orientação e Estudos da Condição Humana. “O que você vê tem muito de distorção e de conveniência – não à toa, quem sofre de anorexia sempre se enxerga mais gorda do que é.” Significa que o espelho mostra como está se sentindo naquele momento. Por isso, não é 100% confiável. É preciso avaliar como os outros enxergam seu físico e, baseando-se nisso, trabalhar eventuais distorções que possa alimentar em relação a ele.
9. Será que fiz a escolha certa na carreira?
Existe um ciclo profissional que funciona geralmente assim: você começa um trabalho, aprende com ele, desenvolve estratégias para subir e atinge um estado de conforto. Então, passa a repetir tarefas e deixa de receber desafios – sinal de que chegou a hora de mudar. Agora, isso não necessariamente indica que fez a escolha errada. Pode ser que precise atualizar-se, adquirir novas competências ou acionar sua rede de contatos para respirar novos ares. Procure se lembrar de todas as habilidades que já desenvolveu na vida, incluindo características pessoais”, sugere o coach e consultor de carreira João Mendes de Almeida, da Vicky Bloch Associados, em São Paulo. “Você é mais aberta ou mais tímida? Gosta de comandar ou prefere mesmo trabalhar em equipe? Procura autonomia ou o principal para você é lutar por uma causa?” Essas respostas vão mostrar se a área que escolheu bate com seus desejos e talentos ou se vale a pena sondar outra carreira.
10. Em que eu tenho fé?
“Provavelmente você recebeu uma ideia preconcebida de Deus e se contentou com ela”, diz Coen. Mas a fé transcende o aspecto religioso: quer dizer procurar o significado da vida, tentar encontrar respostas para seus dilemas existenciais. É uma necessidade intrínseca que, quando satisfeita, conforta a alma e traz paz.
11. Ainda preciso perdoar alguém?
A ciência já comprovou que perdoar faz bem à saúde. O psicólogo da Universidade de Stanford Frederic Luskin, autor de O Poder do Perdão (Novo Paradigma), avaliou que a raiva, a mágoa e o ressentimento têm impacto nocivo no sistema cardiovascular, por exemplo. Do ponto de vista psicológico, fica fácil entender que guardar rancor nos torna pessoas amargas, pessimistas e infelizes. A melhor coisa a fazer quando nos sentimos ofendidas por alguém é tentar descobrir o motivo. Será que o que a atingiu estava no outro ou em você? Se estivesse no lugar de quem a feriu, seria realmente incapaz de fazer o mesmo? “Todas essas questões nos permitem enxergar o ofensor como uma pessoa bem parecida conosco, e isso evita a mágoa”, acredita a monja Coen. “A mágoa do passado não está viva agora. É apenas uma memória.”
12. Quem disse que preciso emagrecer?
Muitas de nós confundem boa forma física com outros atributos, como sensualidade, beleza e sucesso. Por isso, vivem de dieta, imaginando que, ao perder alguns quilos, ganharão outras qualidades. Isso não é real. “A não ser em casos de obesidade, em que emagrecer é imperativo para preservar ou recuperar a saúde. Essa é uma questão de autoestima, de ser feliz somente aos olhos dos outros”, pondera a médica especialista em nutrologia Cristiane Coelho Ognibene. Perseguir um padrão de beleza é ignorar que cada corpo tem uma estrutura. “São raras as mulheres que conseguirão manter um manequim 36.”
13. Envelhecer é um problema?
Para a nutróloga Cristiane, envelhece bem quem tem a capacidade de entender que o amadurecimento é um fato e não uma escolha. Quando o aceitamos como algo natural, respeitamos as alterações pelas quais o nosso corpo passa em cada fase da vida, sem a autoimposição de sermos jovens para sempre. O processo torna-se bem menos doloroso e passa a ser até prazeroso. “O bem-estar do corpo e da mente ajuda a enfrentar as mudanças que chegam com a idade de maneira positiva”, afirma. Não significa, porém, que não devamos buscar meios de envelhecer com saúde e pique.
14. É mesmo minha culpa?
É preciso saber se estamos falando de um sentimento real ou imaginário. Uma coisa é atropelar alguém e buscar reparar o que fez; outra é ficar se roendo porque saiu com amigos e deixou em casa uma pessoa enferma, mesmo que assistida. Você também tem direito a diversão! “Na maioria das vezes, a culpa é cultural, uma visão de mundo adquirida”, diz a monja Diane. “Por exemplo, aprendemos que, se recebemos algo de bom, estamos automaticamente em dívida. Por quê?” Quem doa tempo, dinheiro, atenção deveria fazer por altruísmo e vontade. Cabe a quem aceita ter gratidão. Então, sempre que começar a se punir, procure se perguntar se faz isso por alguma razão concreta ou por hábito. Assim como a ansiedade exagerada, o excesso de culpa também é sinal dessa vontade feminina de ser onipotente. “A crença de ser superpoderosa está intoxicando as mulheres”, afirma Roseana.
15. Será que eu virei uma eterna reclamona?
O chefe não reconhece seu talento, o marido poderia ajudar mais, o trânsito não colabora... Parece inevitável ficar de mal com o mundo – é o que a maioria faz. Só que, às vezes, juntar-se ao senso comum equivale a violentar sua essência. Digamos que você ame seu trabalho, mas conviva com pessoas que perderam o brilho no olhar. Sem perceber, passa a agir como elas e a reclamar de tudo em vez de tentar mudar. Ou então liga o piloto automático no amor e age como se os homens fossem todos iguais... Procure refletir: ser otimista é uma escolha, praticamente um voto que se renova a cada dia. Agora, é possível que a irritação constante tenha motivo de existir – inclusive físico. As alterações de humor frequentes podem estar ligadas a desequilíbrios hormonais; o sono que não passa nunca muitas vezes indica desmotivação. Aquela dor de cabeça, nos ombros ou então de estômago que sempre aparece no final do dia pode estar querendo dizer: “Ei, você está se sobrecarregando”. E seu corpo, o que tem falado?
16. Como lido com as críticas?
“Pessoas do tipo afetivo levam tudo para o lado pessoal, sofrem demais e não conseguem reagir de maneira racional. Deixam de crescer achando que o problema é sempre do outro”, explica Almeida. Por outro lado, quem vive em função de acolher todas as críticas perde autonomia e independência. O caminho do meio é fazer uma avaliação franca sobre os comentários. “Se não servem para você, descarte. Mas se incomodam, é porque existe verdade neles”, diz a monja Diane. A regra mais simples é considerar o seguinte: se uma pessoa observa algo em seu comportamento, provavelmente não é digno de preocupação. Se duas dizem, preste atenção. Três? Reavalie.
17. O que meus ex têm a me dizer?
Se suas relações parecem sempre uma prova de fogo, é sinal de que tem repetido erros. Procure identificar se existe em você algum comportamento recorrente que costuma causar atritos. É provável que encontre aí uma lição perturbadora sobre si mesma. Se é do tipo que fica amiga do ex, também pode aproveitar a reflexão e olhar para dentro. “Pense nas dinâmicas que não deram certo e que levaram ao fim do relacionamento”, sugere a monja Diana. Vai perceber quanto se dispôs a ceder, compreender, ensinar, cuidar... Comparando tudo isso com a forma como se comporta hoje, saberá dizer quais são os pontos a melhorar.
18. Eu ajudo os outros?
Para a monja Coen, os seres humanos estão em rede e todas as nossas atitudes, mais cedo ou mais tarde, reverberam em outra pessoa. “A vida se modifica quando fazemos o nosso melhor. Toda boa ação tem uma boa reação. Por isso, por mais simples que seja a contribuição, ela tem, sim, valor. Afinal, um parafuso em uma engrenagem enorme é peça fundamental para fazer tudo girar sem desmontar.” Pode ser que você não consiga engajar-se em um trabalho voluntário nem defenda grandes causas, mas faz o exercício de estender a mão ao outro – nem que seja ao colega da mesa ao lado ou àquela senhora na sala de espera do consultório médico.
19. Meus amigos do Facebook me bastam?
É uma delícia se sentir pertinho das pessoas queridas nas redes sociais, e fazer novas amizades, ainda que virtuais, também vira diversão. Agora, pode acontecer de você estar usando o Facebook e o Orkut como compra de consciência, já que o dia a dia atarefado não permite encontrar os mais íntimos para um abraço no aniversário, um apoio depois de uma separação... Escrever no mural alheio vira uma prática solitária e descomprometida. “Fora que na internet as pessoas tendem a ser o que gostariam, e não o que realmente são, tornando as relações superficiais”, acredita Roseana.
20. A quem estou tentando agradar?
É bobagem tentar se convencer de que a opinião dos outros não conta. Todas nós queremos ser amadas e admiradas. Acontece que essa busca por aprovação pode ser cruel. Em nome da necessidade de ser aceita, há dois riscos: abrir mão da própria personalidade e achar que todo mundo, sem exceção, precisa considerá-la incrível. Ora, se sua autoestima estiver em níveis saudáveis, bastará que você e aqueles que realmente importam na sua vida saibam seu valor.
muito bom!
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