terça-feira, 16 de agosto de 2011

Celebrações do sagrado feminino pelo mundo - Ritos de passagem

Todos nós em algum momento da vida tivemos ou temos que viver um rito de passagem. O primeiro dia de aula, o vestibular, o primeiro emprego... Todo mundo já viveu algum momento assim. Os ritos de passagem são únicos em cada cultura. E são realizados com intuito de solidificar a comunidade. Tornando-a una em sua cultura. Assim como preparar psicologicamente o indivíduo que participa, para o novo viver. E para uma nova adaptação.

Para nós mulheres, o momento mais marcante certamente é a menstruação. A passagem para a fase adulta. A abertura do corpo para receber as mudanças, e futuramente gerar a vida. Em muitas culturas esse rito é entendido como sendo uma parte importante da vida da menina moça. E que portanto ela precisa de todo um cuidado. E também são feitas cerimoniais em celebração a esse novo ciclo. Cada povo e cultura de um jeito peculiar...


Com os índios por exemplo, as meninas ficam em uma oca, de 4 a 12 semanas. Pois acreditam que estarão protegidas contra o demônio Noo. Finalizando esse período elas podem sair da toca e são apresentadas através de danças à aldeia. A partir daí acredita-se que elas estarão prontas para a nova fase de suas vidas.

Para os muçulmanos, o fato da menina usar a burca. Simboliza que ela já passou por esse rito. E que portanto, já estaria pronta para passar por outro. Que seria o casamento. Já para os judeus, indica um período de reserva. Onde a mulher deve permanecer em casa.


Os três principais ritos de passagem femininos podem ser diretamente ligados a lua. E suas respectivas fases.


Lua nova - Menarca
Lua Crescente - Menstruação
Lua Cheia - Gestação
Lua Minguante - Menopausa


Mas nem todos são comemorados. Principalmente a fase da menopausa. Mas porquê? 
Ontem (13/08), tive algumas experiências no espaço cirandda da lua que me permitiu pensar e refletir a respeito disso. Digo mais em relação a fase anciã da mulher. A menopausa. Em uma das discussões eu cheguei a mencionar o fato de que as mulheres sentem essa fase com um pouco de dor e de perda também, pelo fato de não mais poderem gerar a vida. Algumas ainda tem a dificuldade de entender essa nova fase e de aproveitá-la com toda a sua essência. Não aceitam muito bem o novo papel que lhes é presenteado. O da anciã. Mas se pararmos para pensar, é digamos natural, até mesmo por que desde pequenas muitas delas já sabiam que o principal papel da mulher era o de gerar, amamentar e criar o filho ou filha. E quando isso lhes é "tirado". Elas ficam meio sem chão... Mas penso que de repente os médicos e médicas poderiam, digamos amenizar esse desconforto. Não somente com os tratamento hormonal, mais também com conversas explicativas a respeito. 


Minha mãe faz parte de um grupo de ginástica da 3ª  idade. E no início dessa semana, estava sem fazer nada. Então acordei cedo e resolvi ir com ela participar da aula. E confesso que gostei bastante do que vi. A professora dando dicas sobre sexualidade na maturidade, sobre comportamento e diversos assuntos relacionados a isso. Achei super bacana!!! De verdade um novo modo de ver as coisas, pelo menos prá elas. Um novo jeito de compartilhar o que está acontecendo nessa nova fase da vida de cada uma delas. E também o senso do coletivo de volta. Por que de fato. Isso anda ficando perdido por ai... Conversei hoje pela manhã com minha mãe. E vi que essa questão para ela está bem entendida. 


Ou seja, ela respeita a fase de anciã, entende que a fase gestadora já passou. E o grande desconforto para ela foram os calores e frios... (risos). Pude perceber também que ela sente falta de menstruar, não por menstruar. Mas sim por saber que isso também significava a saúde dela. E engraçado que ela ficou meio desconfiada por eu perguntar isso... (risos). 


Ontem em uma das palestras que participei ouvi de uma das palestrantes, a Marisa Petcov. Que a partir do momento que nós mulheres de agora nos inteirarmos desse sagrado que há em nós e o vivenciarmos diariamente, automaticamente estaremos mudando a nossa visão e vida no momento em que a fase anciã chegar em nossas vidas. E por que lembrei disso? Por que conversando com minha mãe também pude entender que essas questões para ela nunca foram bem resolvidas. E parando para pensar para muitas mulheres jovens como eu ainda o é. Muitas ainda tem a idéia de sofrimento. Então, o meu papel e o papel de quem está descobrindo esse sagrado, ou até mesmo de quem já é consciente e presente nele todo o tempo. É de dismistificar esse rótulo. Tirar ele de circulação para que o novo entre com tudo. E que seja despertada em nós mulheres esse novo pensar. Essa nova consciência.

Colaboração: Soraya Mariani

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